A crise levou muitos brasileiros a abandonarem ou adiarem o sonho de comprar a casa própria. Com os sinais de recuperação da economia nos últimos meses, a tendência é que o mercado imobiliário também volte a melhorar em 2018, segundo especialistas.
“Se o emprego está em alta, se a renda cresce e a confiança no futuro é boa, o mercado imobiliário tende a se aquecer, e é o que começamos a ver a partir do último trimestre de 2017”, relata Marcelo Prata, fundador do site Canal do Crédito.
Entre 2016 e 2017, houve um aumento de lançamentos, mas poucos negócios foram fechados, segundo dados de uma pesquisa da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), em parceria com a Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias):
- Lançamentos de imóveis: +18% entre janeiro e outubro de 2017, em relação a igual intervalo de 2016;
- Vendas de imóveis: -13,6% no mesmo período.
Menos espaço para pechinchar
“À medida que o mercado for retomando o ritmo, descontos começam a sumir, e isso é um indício de que o preço está mais ajustado à demanda [procura]”, diz Mateo Cuadras, CEO do portal Imovelweb.
Mesmo que a tendência seja de ter menos espaço para pechinchar, especialistas dizem que ainda há a possibilidade de fechar bons negócios neste ano.
Ainda assim, comprar um imóvel exige um bom planejamento antes de assumir um financiamento de anos –ou mesmo décadas. Veja abaixo algumas dicas.
Saiba o valor do imóvel e das parcelas
Saiba exatamente o valor do imóvel que deseja comprar, em qual prazo pretende realizar esse sonho, de quanto será a entrada e, principalmente, o tamanho das parcelas que cabem no seu bolso.
A recomendação é nunca comprometer mais de 30% da renda mensal familiar com a prestação da casa própria.
Não tem todo o dinheiro? Poupe todo mês
Com esse planejamento em mãos, poupar pode ser uma saída para comprar o imóvel. O tempo para poupar deve ser determinado por você, de acordo com sua realidade financeira.
Traga o seu objetivo para o orçamento, guardando uma parcela todo mês. Faça disso uma prioridade. Fernanda Prado, planejadora financeira da Life Finanças Pessoais
Se o objetivo não for comprar a casa própria no curto prazo (algo entre dois e quatro anos), busque investimentos que você possa resgatar próximo à data em que pretende dar entrada no imóvel. Nesse caso, opte por aplicações financeiras conservadoras e de baixo risco, como CDB, LCI e Tesouro Direto.
Considere gastos com mudança, decoração, reforma
Além das prestações do financiamento, os especialistas também recomendam considerar nas contas gastos com a mudança, eventual compra de móveis e itens para decoração.
Se for comprar um imóvel usado, pode ser necessário considerar também os gastos com uma reforma.
Defina bem o tipo de imóvel que quer comprar
Antes de escolher a casa própria, é fundamental analisar o tipo de imóvel que deseja comprar: usado, novo ou seminovo. O imóvel precisa estar de acordo com suas necessidades.
Algumas perguntas são importantes para tomar essa decisão, segundo os especialistas:
- Qual o tamanho e a localização do imóvel?
- No caso de apartamento, o valor do condomínio cabe no orçamento?
- Há outras despesas não inclusas no condomínio, como fundo de reserva, uma espécie de “caixinha” que os condôminos fazem para programar melhorias e reformas no prédio?
- Tem carro? Quantas vagas na garagem são necessárias?
Pesquise e tire todas as dúvidas
Definidas as características do imóvel que você busca, avalie diversas opções, consulte diferentes corretores e imobiliárias, e somente feche o negócio quando tiver todas as dúvidas resolvidas.
Afinal, trata-se de um investimento de longo prazo.
Pesquise financiamento em diferentes bancos
Com os sinais de recuperação da economia, a queda da taxa básica de juros (que está em 7% ao ano, menor patamar da história) e a melhora da confiança, os grandes bancos voltaram a conceder crédito. Pesquise as opções de financiamento imobiliário oferecidas por essas instituições.
Tente dar a maior entrada possível
Na hora de financiar o imóvel, quanto maior o valor que você der de entrada, menor será a quantia financiada e, portanto, menor o bolo sobre o qual irá pagar juros.
Se conseguir levantar 50% do valor total do imóvel, a metade financiada costuma ter parcelas similares ao valor de um aluguel. E isso reduz o risco de comprometer o orçamento. Marcelo Prata, fundador do site Canal do Crédito
Vai comprar na planta? Veja o que fazer antes
Atrasos na entrega das chaves, construtoras que quebram no meio do percurso e aquela sensação de comprar gato por lebre são alguns problemas que podem ocorrer na compra de um imóvel na planta, dizem os especialistas.
Caso decida por essa opção, muitos detalhes devem ser verificados. Pesquise o histórico e a reputação da construtora, o que inclui conhecer outros empreendimentos lançados pela empresa, assim como outras referências, entre elas, o Procon da sua cidade, o site Reclame Aqui e o Portal da Transparência, em que é possível consultar empresas que não cumpriram exigências e acordos em contratações com o governo.
Fonte: UOL Economia